quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Educação sem Educação


Longe se vão os tempos de uma sociedade saudável e humana...
Com o avanço das relações humanas, desde a idade primitiva e ao longo dos séculos, o homem constituiu diversas instituições que teriam as funções de organizar, distribuir, facilitar, orientar e, educar as massas populares no sentido de termos (e sermos) uma sociedade instruída, capaz e civilizada. Sob as bases da ação dessas instituições no cumprimento de suas funções e atribuições, as sociedades se cristalizaram; nas sociedades atuais temos: os bancos para gerir as finanças e o dinheiro, as forças armadas para “assegurar a ordem” e a soberania da pátria, os tribunais para dar cumprimento das leis e garantir que os direitos individuais sejam respeitados e que as obrigações de cada membro da sociedade sejam realizadas e, além de muitas outras, as instituições de ensino e as escolas para transmitir a chamada ‘educação formal’ e conhecimentos específicos e teóricos sobre as ciências humanas às massas populares e ao povo de modo geral.
Num primeiro momento e a “grosso modo”, a função social da escola é preparar o indivíduo para o ‘mundo extra-escolar’, ou seja, preparar cada pessoa para a vida em sociedade. Ao cumprimento desse ‘papel social’ e ao seu conseqüente resultado, damos o nome de “Educação”. Para que a educação das massas populares de fato se realizasse, ao longo dos tempos ‘sistemas educacionais’ foram tomando forma e assumindo a cara “fordysta” que possui hoje ( educação em grande escala).
Em todas as nações e nas mais diferentes culturas existe algum sistema educacional, por simples ou complexo que possa parecer.
No caso específico do Brasil, o sistema educacional teve dois momentos bem definidos: o momento em que educava de verdade (o período chamado atualmente pelo preconceito pedagógico de jovens pedagogos(as) sentados atrás de mesinhas de “Tradicional”, pretendendo-se dar a conotação de ‘repressor’, ‘traumático’, ‘alienante’ e outras baboseiras mais ), e momento em que a escola abre mão de sua peculiaridade e especificidade como povo e cultura diferente e resolve copiar toda a parafernália pedagógica que vem da Europa, e como conseqüência, perde sua identidade e deixa de educar passando ao eterno ‘faz de conta’ que impera hoje.
Na era tradicional do ensino brasileiro, o foco da ação educativa era de fato o aluno, hoje é o professor quem é obrigado a todos os dias se dobrar diante das “ladainhas pedagógicas” repetitivas além de ter de suportar uma infinidade de horas e mais horas perdidas em encontros chatos e coordenados, na maioria das vezes, por pessoas acéfalas e desprovidas de personalidade.
Foi a partir do momento em que a escola decide que os alunos são singelas e inocentes vitimas, e que os professores são tiranos e mal educados e por isso precisam ‘repensar suas práticas’ todos os dias que o sistema ( ainda jovem e débil ), estava fadado a naufragar. É claro que na educação tradicional eram cometidos excessos, (assim como também são cometidos hoje), mas não é mostrando “The Wall” para os alunos que se resolveriam os problemas. Era necessário aparar as arestas do sistema, não demoli-lo por completo.
O engraçado é que os paises que despontam como verdadeiras potências emergentes do novo milênio, são justamente os que possuem os sistemas educacionais mais tradicionais e conservadores do mundo. Como exemplo, cito a China, onde o indivíduo que desrespeitar seu mestre ( professor ), é entregue pela própria família para a guilhotina. A Índia também é um exemplo de país rico, avançado tecnologicamente e com sistema educacional extremamente conservador; isso para não falar no Japão, Canadá, Itália, entre muitos outros. Por que é então que o Brasil que é um país em ascensão, mas ainda de terceiro mundo, tem que ser “moderninho” em seu sistema educacional???
Acusam de que a educação tradicional era repressora e traumatizante... pode até ser, mas era eficiente! Se tivermos que escolher, é melhor o indivíduo traumatizado e reprimido pelo sistema tradicional do que os baderneiros e marginais, produzidos pela escola atual, sistema onde ninguém respeita nada nem ninguém.
Está tudo de ponta cabeça!
A realidade dentro de uma sala de aula na atualidade é um vitupério. Alguns ouvindo funk em seus rádios e celulares ultra-modernos, outros jogando baralho, outros andando por cima das carteiras, outros “dando uns amassos”, outros bebendo e usando drogas e, em meio a todo esse ‘vuco vuco’,o professor tentando falar desesperadamente para dois ou três alunos sentados na frente e que realmente tentam estudar. Por que o professor não faz nada? Simples: não pode! Está tolhido e desarmado pelas atuais leis unilaterais de proteção a “criança” e ao adolescente, a exemplo do ECA (Estatuto da criança e do Adolescente ), ou da ação dos órgãos de proteção, tal como o “Conselho Tutelar” e a associação protetora dos animais e outros bichos..
Para termos uma idéia da unilateralidade dessas leis, vejamos um exemplo: o ECA prevê pena para o adulto que constranger uma criança ou adolescente, mas e se o inverso ocorrer? Uma criança ou adolescente constranger um adulto? O ECA não diz nada! E não pense que isso é uma grande besteira, pois, dentro das escolas acontece toda hora. É ou não é constrangedor uma criança ou adolescente te mandar tomar no C... e você não poder fazer nem falar nada? É constrangedor para qualquer adulto passar pelos corredores ou salas de aulas e ter que ouvir do celular de um aluno um funk “proibidão” carioca dos piores já feitos ou imaginados em termos de linguagem chula e de baio calão. Entre muitas outras coisas que acontecem na rotina infernal de uma escola.
E os “alunos”, delinqüentes juvenis assumidos descaradamente, continuam debochando da escola, dos educadores e impondo sua ação devastadora contra a escola e contra os patrimônios públicos: apoiados pelas leis e pelo sistema, colocam fogo nos armários, quebram carteiras e cadeiras, defecam na mesa do professor e se limpam com as páginas dos livros didáticos novinhos enviados pelo governo. Agridem fisicamente e até matam os professores que tentam coibir tais ações (vemos todos os dias coisas desse tipo nos noticiários), e na apuração dos fatos, pasmem: a culpa é da própria vítima - o professor. Alguns pedagogos, com pura serragem na cabeça, dizem: “É preciso repensar o que na sua prática levou esse aluno a fazer isso..”,como se houvesse algo que justificasse essas ações, a não ser o próprio prazer pelo vandalismo e pelo crime.
Muitos professores não levam em conta, ou por ingenuidade ou até mesmo por ignorar, mas as práticas transgressivas dos alunos sediados nas escolas de hoje não são indisciplina: são crimes!
Desrespeitar o professor ou qualquer outro funcionário público dentro da escola é crime previsto em lei; no artigo 233 diz: “Desacatar funcionário público no exercício da função acarreta pena de 6 (seis ) meses a 2 (dois) anos de reclusão...”
Depredar patrimônio público também é crime; Crime! Leram corretamente? Crime, não indisciplina. Indisciplina é apenas as coisas menores tais como, o cara que se recusa a fazer as tarefas, ou fica muito tempo apontando o lápis...passou disso é crime. É a lei quem diz.
Coordenadores, diretores e alguns professores com a bíblia pedagógica debaixo dos braços descaradamente atribuem todas essas práticas criminosas a pobreza. Dentro das escolas, ser pobre virou desculpa para tudo.
A verdade é que exceto em raríssimos casos de alunos humanizados, a escola atual se tornou um abrigo de marginais.
A conseqüência de a escola abrir mão de sua função social para se tornar um local das vistas grossas à delinqüência, é o caos social, a violência e a barbárie.
Em uma sociedade onde existem regras para tudo, é a escola quem tem de preparar os indivíduos para se adequarem a ela. Fora da escola, no trânsito, por exemplo, se alguém é surpreendido a 80km/h em um local onde a placa sinaliza 60km/h, o tal será penalizado com multas, pontos na carteira e até, dependendo da gravidade da infração, poderá ser preso. Em seu trabalho, comece a chegar todo dia atrasado ou, mande seu chefe tomar naquele lugar para ver o que acontece; em local de silêncio obrigatório, faça barulho para ver se não vai sofrer as conseqüências.
Todos os espaços sociais possuem suas regras; porque será então que as escolas abriram mãos das suas normas e das conseqüentes penalidades para quem não as cumprem? Os pedagogos estão errados: disciplina é fundamental. Muitos dos conteúdos teóricos ensinados na escola, mesmo com toda concentração possível são de difícil captação, pois tratam-se de assuntos abstratos; como irão aprender então os tais conteúdos, os alunos envoltos na baderna absoluta das aulas nos dias atuais?
Nos intermináveis encontros de educadores, o que se propõe é o orgasmo inatingível do eterno repensar a prática, e do nunca ser suficientemente competente.
O professorado, exceto raríssimas exceções, pela mais pura vaidade de estar atualizado com a moda pedagógica, apenas dizem amém, e tentam “ se reciclar “constantemente ( assim mesmo, como se fossem lixo ).
A ditadura militar foi um período difícil da história recente brasileira, mas o modelo de sociedade atual é tão pior que chegamos a ter saudade dela; principalmente no que se refere ao sistema educacional. Éramos felizes e não sabíamos.
Professores, educadores, coordenadores, diretores de escola e todas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o sistema educacional e relacionadas com o processo de ensino-aprendizagem: uni-vos para modificar essa realidade! Parem com a frescura pedagógica, reprimam em suas aulas toda ação covarde e desrespeitosa contra o patrimônio, contra a dignidade humana, contra os seus comandados e, principalmente, contra a própria aula.Retomem o controle da situação e os antigos pressupostos de respeito ao próximo, aos mais velhos e do civismo como parte integrante e fundamental a formação da personalidade e da identidade. Exijam e criem mecanismos para que vossa autoridade seja respeitada; não permitam nunca que uma atitude evolua para a agressão física e, se isso ocorrer, não se calem ou se omitam: reprimam, denunciem, faça barulho se for preciso; não deixem passar impune, pois, impunidade mata!
Aos defensores de plantão dos ‘Direitos Humanos’, organizem suas ações e filosofia partindo do seguinte princípio: “Direitos humanos são para humanos!”

(Marcos Lemes)
marcoslemes@correioembuense.com.br
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